DIÁLOGO COM SANTA TERESA Vivo sem viver em mim, porém, oposta a Teresa, vivo a este mundo presa, temendo a morte e o porvir. Vivo já fora de mim, desde que morro de amor; não diante do meu Senhor, mas do sangue que verti nuns corpos de barro e suor, cuja existência --- ai de… Continuar lendo Poesia Recente (inéditos)
Categoria: Poemas
Consagração
"Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-as mar; reuniu todas as suas graças e chamou-as Maria." (S. Luís Maria G. de Montfort) * Como não sei, Senhora, erguer-me além de mim, e o que sou me encaminha a um mísero porvir; como trilhar sozinha o labirinto horrendo de cada dia é atalho a terminar… Continuar lendo Consagração
Noturno na Noite de Natal
Persigo a cada conta do rosário o peso e a paz do sono. Não basta transbordarem os olhos rasos da dor que não se conta, nem faz lá diferença estar cansado há dias nesse encontro da fé com o desespero e o desamparo; a luz, se não desponta em certos indefesos descampados marcados pela sombra… Continuar lendo Noturno na Noite de Natal
Permanência
Contemplo com emoção a vida amena, a soma desses dias que vivemos sem perceber que passam, que passamos. E entanto do que finda há algo que emana e se acumula a um canto, como pó, ou antes como a pedra preciosa gestada nas entranhas do rochedo à custa da erosão de alguns milênios. De tudo… Continuar lendo Permanência
Cantiga do menino branco
Os teus olhinhos pensativos, menino branco (eras translúcido quando em meu sonho entraste) e tímido, passeiam sobre os móveis rústicos que nosso lar doce mobíliam. Não vêem, porém, palmo adiante, como num transe, e se se aninham no pó de sombra sobre a estante onde dormitam nossos livros, logo alçam vôo – vão tão distantes… Continuar lendo Cantiga do menino branco
O Touro Contra a Morte
Touro louríssimo, teu torso forjado à força de antiquíssimas batalhas sem ouro vencidas vem dissolver-se nas pupilas com que fulminas, sem esforço, pedra selvagem e estrela fria. Com sempre mansa maestria de quem não mede a própria força, pois que de si mesmo deposto para melhor legar-se à lida, teu passo é torto à revelia… Continuar lendo O Touro Contra a Morte
Domingo
“Não é fogo legítimo essa chama, como é falso e forjado aquele mármore; o que brilha no altar é luz de lâmpada; não se sabem os frutos pela árvore?” É o que penso, diante da coluna de cimento, pintada como mármore, sustentando, entre outras, a fortuna espiritual nos vácuos dessa igreja. Ver as coisas de… Continuar lendo Domingo
Rapto
Do centro de um mar parado, teu primeiro movimento não recordo se foi valsa, se rodopio ou aceno. Como foi que tu chegaste, precisamente, não lembro. Se acaso furtei-te ao nada, ou tu que, por acidente, vieste fazer morada segundo o sopro do vento, ou talvez se necessário desde o início dos tempos era teres… Continuar lendo Rapto
Exórdio
Há mais que chama na clareira onde os outonos se consomem; em todo fogo há primavera, o fim que vem não é do fogo. Há mais que chama ao seu encontro quando entre cinzas degenera uma carcaça que era um corpo; algo que inflama e persevera nesse convite um tanto aflito. Meu Deus, se tudo… Continuar lendo Exórdio