Texto originalmente publicado no Facebook, em outubro de 2014.
Definitivamente, a maior lição da gravidez é o incrível poder de adaptação de nosso corpo e nossa mente. Se de um dia para o outro eu acordasse como estou hoje – com uma barriga gigante, dores nas articulações, o diafragma comprimido até a falta de ar e uma criatura viva se contorcendo nas minhas entranhas – provavelmente enlouqueceria. Mas, não por acaso, levei oito meses para ficar assim. E o fato é que agora todos esses incômodos incomodam muito pouco, pois vieram sendo assimilados lentamente, a cada novo dia de gestação. Andar dói e deitar é impossível, sim – mas isso significa apenas que a normalidade da gravidez é diferente do que costumamos ter por normalidade. E isso não é apenas suportável – é natural e bom. Como diz S. Josemaría Escrivá, é uma cruz sem cruz.
É muito difícil perceber essas coisas todas e não sentir uma vontade incontrolável de implorar a todas as mulheres que não se privem dessa experiência. Existe um mundo de tesouros escondido no potencial feminino para gerar filhos, que não faz falta enquanto você não sabe que ele existe, mas que depois de descoberto agiganta a pessoa que você é.
O último mês de gestação é a prova de que o ser humano pode viver em perfeita harmonia com o incômodo e a dor, sem precisar de subterfúgios ou qualquer anestésico além de sua própria capacidade de adaptação. Não é nenhum bicho de sete cabeças. Literalmente: é a vida.